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Enjoy ;)
antigo blog de apoio às aulas de hipermedia & estruturas narrativas do 3º ano / multimedia da licenciatura em ciências da comunicação da universidade do porto 2006/2007
Agora só em jeito de curiosidade. Hoje dei por mim a olhar para uma montra e ao ver uma camisola lilás pensei "esta camisola é a cara da Lenitah!". Isto é normal acontecer, certo? Mas nunca me aconteceu a pensar na Lenitah... sempre fazia estas associações com pessoas da RL. Foi engraçado, por isso é que estou a partilhar.
Durante as ultimas semanas tenho visitado diversos sítios em SL que me encantaram sobretudo pela beleza do próprio local. Sítios onde podemos relaxar, ver coisas diferentes, dar asas ao nosso lado mais místico ou fantasiar com objectos que não existem em RL.
Ansiando por experimentar situações diferentes da RL decidi procurar locais de pura fantasia.. fadas, elfos, magia.. foram algumas das palavras que inseri no motor de busca e encontrei um local muito simpático chamado Shire, este nome chamou imediatamente a minha atenção por estar ligado aos livros de Tolkien. O Shire é um local místico onde podemos encontrar fadas, elfos, cavalos alados (etc) e podemos também deliciarmo-nos com as vistas absolutamente mágicas que nos levam a um mundo encantado só existente em sonhos.
Viajei também ate um local chamado kamba-fire-and-water, ai vendem-se fontes e objectos bastante “Zen” para todos os gostos. O que me interessou realmente nesta ilha foi a beleza dos objectos e como podemos sentir-nos relaxados com o som da água destas fontes.
A voz definitivamente a está a chegar a SL e muitos residentes afirmam que já não interessa discutir se será benéfico ou não o uso da voz visto que, a implementação desta nova opção já é um facto consumado. Segundo alguns utilizadores o que realmente interessa agora debater é como será feita essa mesma implementação, tecnologia necessária, custos, consequências no próprio programa, entre outras questões de grande importância para todos.
Contudo, acredito que devo aqui expor a minha própria opinião sobre o uso da voz em SL e também a opinião de alguns residentes com quem falei sobre este assunto.
A introdução da voz tem vindo a gerar uma intensa polémica em SL, pessoalmente não vejo grandes vantagens nesta novidade. Acredito que vem tirar grande parte da magia das experiências comunicacionais, acaba um pouco com a nossa liberdade de imaginar quem estará do outro lado, ou simplesmente podemos querer apenas falar com aquele avatar e não desejamos que nada nos ligue à RL e a existência da voz vai fazer essa ligação.
Existe também a questão da nossa própria distinção entre RL e SL, um dos residentes numa discussão em grupo colocou a seguinte pergunta: “Abundant Aldwych: For me this is a second life, if everyone hears my first life voice I can't be as different as I choose, and what kind of voice does a robot or spider avatar have?” isto é um exemplo dos problemas que podem surgir em termos de separação entre a RL e a SL. Se em SL queremos ser algo diferente do que somos na RL e depois usamos a nossa própria voz, a mística quebra-se e essa separação de mundos também. Pensa-se que poderá haver a opção de modificadores de voz, no entanto, ainda não há certezas de como irá funcionar.
Acredito que a introdução da voz crie problemas em termos de comunicação internacional, compreender sotaques pode ser complicado e falar fluentemente línguas que não são a nossa nativa é mais difícil do que escrever aceitavelmente. Para além disso, o uso da voz em grupos vai ser extremamente complicado senão impossível, o cenário seria todos a falar ao mesmo tempo, o que se tornaria caótico.
Ainda existem problemas tecnológicos, visto que a voz será mais uma característica a sobrecarregar o SL. Vão ser necessários mais recursos, mais suporte e acredita-se que vão haver custos para os donos de ilhas.
Segundo Joe Linden a opção de voz estará em princípio ligada a uma parcela de terra e não a um residente individual, então assim sendo será automático. A grelha de SL será voice-enabled por defeito e os donos de ilhas podem decidir ter na sua terra a capacidade do uso da voz activada ou não, isto poderá requerer uma taxa adicional no plano de pagamento.
Com a certeza da introdução da voz, há a preocupação com as consequências no funcionamento do programa
Se quiserem mais informação sobre o assunto ou testar a voz beta deixo o link: http://www.secondlife.com/community/bhear.php
Mas quando o avatar é criado para pleno entretenimento, abrem-se as portas a uma verdadeira Second-Life. Não concordo com as pessoas que dizem que se mantêm exactamente iguais na SL e na RL. Se considero isso muito difícil para aqueles que têm certas obrigações profissionais no SL, considero utópico quando falamos de pessoas que buscam puro entretenimento.
Em primeiro lugar, o aspecto do avatar. Apesar de ao entrarmos no SL escolhermos um dos avatares disponíveis, podemos depois modificá-lo totalmente. Considero aqui três hipóteses diferentes:
- O avatar segue os traços principais do aspecto físico do seu criador como por exemplo a cor do cabelo, da pele e dos olhos. Aqui acho quase impossível não se fazerem pequenos retoques que favorecem o avatar; retoques que possivelmente são desejados na RL. O mais certo é um avatar feminino ter sido criado por uma mulher da RL e um avatar masculino ser criado por um homem na RL.
- O avatar quase nada tem a ver com a RL. Não precisa de ser necessariamente um avatar perfeito. Pode ser um avatar baixo, gordo e com um nariz enorme; uma caricatura do “criador” do avatar ou outra coisa qualquer. Contudo também pode ser uma linda rapariga de cabelos esvoaçantes ou um rapaz todo musculoso com pinta de surfista. Aqui um avatar masculino não tem necessariamente de corresponder a alguém da RL também do sexo masculino.
- O avatar nada tem a ver quer com a pessoa da RL que está por trás dele a manipulá-lo. Abrem mão de uma figura humana. Aqui dão asas à imaginação e tudo é possível. Podem optar por encarnar um ser alienígena. A maioria dos que optam por ter um avatar sem traços humanos, tornam-se animais comuns comos gatos, galinhas... Mas também ainda encontramos a circular pelo SL robôs ou sereias... neste caso a imaginação é realmente o limite.
Falamos agora da personalidade do avatar comparando-a à personalidade do seu “criador”. Neste caso considero duas hipóteses quando se entra no SL. Ou queremos levar a nossa personalidade da RL para a SL ou desde o início mudamos a nossa atitude e maneira de ser e pensar. Não temos de ser no SL necessariamente alguém que gostaríamos de ser na RL. Podemos mudar a nossa personalidade; ser simplesmente alguém diferente e tirar proveito de todas as potencialidades que o SL nos oferece.
Sempre que um novo meio de comunicação social surge no seio da sociedade são-lhe apontadas como intrínseca função e motivo da sua invenção a transmissão da informação, do conhecimento, da cultura e das artes a todas as pessoas. Um bom exemplo é a televisão: quando este meio de comunicação social surgiu, todos acreditaram que não haveria uma única pessoa inculta à face da Terra, pois a “caixinha mágica” levaria a cada um de nós o conhecimento e a informação, aos quais a maioria (analfabeta) não tinha acesso através de livros ou jornais.
Algumas décadas passaram, e hoje sabemos que tais previsões não se concretizaram.
Hoje o mundo globalizado tem como principal meio de informação e comunicação a Internet (pelo menos o Ocidente liberal e capitalista). Como optimista que sou, vejo com bons olhos e de forma entusiástica a Internet como meio livre e acessível de difusão da cultura, conhecimento e da comunicação entre os Povos.
Fazendo um esforço para fechar os olhos a outras coisas menos positivas que proliferam pelo Second Life, agrada-me considerar este ambiente virtual e social como uma ferramenta de uso pedagógico e educativo. Porque todos estamos perto uns dos outros, porque todos estamos contactáveis, porque todos comunicamos.
Transpor o espaço da aula física e convencional para uma aula virtual passada no Second Life tem sido uma agradável e entusiástica experiência para mim. Para além da proporcionada maior proximidade entre professor-alunos, todos estamos “conectados na aula” a todo o tempo, sem quase darmos espaço a distracções, pois todos estamos “pregados ao ecrã”, à espera desta ou daquela resposta, deste ou daquele gesto.
Falando mais pessoalmente, este tipo de “conversa multilateral” em que as nossas aulas se transformaram (em vez dos monólogos teóricos protagonizados pelo professor, típicos das aulas convencionais) proporcionam-me uma maior desinibição e à-vontade para opinar, questionar, levantar assuntos. Acredito que estas tais “conversas multilaterais” desafiam permanentemente o nosso espírito crítico e apelam beneficamente a uma maior capacidade de assimilação, raciocínio e reflexão. As minhas colegas de turma partilharão desta opinião: estamos muito mais concentradas nas matérias apreendidas virtualmente no Second Life do que nos assuntos que formam a base dos tais monólogos dos professores, já acima referidos. Até mesmo o facto de termos um avatar através do qual podemos exprimir gestos, estilos de vida e personalidades “liberta-nos” dos nossos bancos de anfiteatro típicos das aulas convencionais.
Além disso, parece-me que o professor é cada vez menos professor, e os alunos são cada vez menos alunos, pois todos nos sentimos libertos para afirmar e contrariar, para aprender e para explicar. A matéria é recebida, rapidamente assimilada, e logo debatida, discutida, talvez potencializada com um ou outro contributo interessante e benéfico dado por um de nós, alunos.
Outro aspecto que quero referir é a possibilidade de podermos receber conhecimento vindo de outros espaços, de outras Universidades existentes fisicamente pelo Mundo, e existentes virtualmente no Second Life; podemos “sair da nossa sala de aula”, e buscar outros conhecimentos adicionais ou sobre os mais diversos assuntos.
Já que vivemos numa “aldeia global”, tiremos o melhor proveito possível dela. Que o conhecimento e o saber estejam acessíveis a todos aqueles que o desejem. Que as Universidades e outros locais de ensino e divulgação de cultura e saber se sensibilizem e se interessem por estes ambientes virtuais, onde o conhecimento e a informação podem ser partilhados, em vez de viverem restringidos aos seus cinzentos edifícios e confinados aos seus alunos matriculados.
Que a “aldeia global” não sirva apenas os interesses económicos das elites, mas que permita uma maior difusão do conhecimento, da cultura e da informação a todas as pessoas. O Second Life pode ajudar! Pena é que o acesso à Internet esteja confinado a uma pequena minoria da população mundial!