13.4.07

LiliUP Ling | RL em SL


O Second Life é uma realidade [virtual] paralela. É um Role Playing Game, em constante crescimento e a 3 dimensões. Desta forma tem possibilidades quase ilimitadas, mas ao entrarmos, encontramos outra realidade ou uma adaptação desta?

A verdade é que originalidade não é muita. Muitos espaços, muitos avatares/pessoas, mas, quando os comparamos entre si e com o mundo real, pouco muda. Há excepções claro, e isto não quer dizer que o SL perca toda a sua graça e genialidade. Mas é uma pena que sejamos incapazes de ser criativos o suficiente para criar todo um mundo novo, desligando-nos daquilo que somos e vemos cá fora. Já citei esta frase e vou repeti-la: ”Second Life is shared imagination”, mas essa imaginação está claramente (e irremediavelmente?) condicionada à nossa experiência real.

Quase tudo o que vemos são réplicas! Os edíficios que, se não são cópias de edifícios reais, podiam muito bem ser construidos neste lado, os comportamentos repetem-se por todo o lado baseados em comportamentos, os próprios avatars são réplicas do ser humano (há excepção dos furrys)! Afinal o SL é uma segunda vida? Ou uma versão da primeira?

O dinheiro entrou em SL e até por lá domina. Se inicialmente via o SL como uma (semi-) anarquia, hoje consigo aperceber-me de como também está marcado pelo capitalismo. Também em SL manda quem tem dinheiro, porque só quem tem dinheiro tem espaços, e nos espaços estão as regras. Tudo se vende e tudo se compra! Com o dinheiro vieram os negócios, todo o tipo de negócios: lojas, casinos, imobiliárias e até prostituição. Já há negócios que funcionam unicamente para e em SL, há pessoas a ganhar dinheiro real que começou por ser Linden Dollars! No mesmo plano, já há igrejas, já há lugar para religião e costumes religiosos. Há centros de yôga, meditação, reiki e um cem número de outras coisas que no fundo não servem para nada, porque nenhum avatar evoluí espiritualmente, pura simplesmente porque não é espírito!!

Apesar de inspirado na RL, está muito longe de ser como a RL! As grandes vantagens: não morremos, não temos fome, nem frio, não temos necessidade de ir ao quarto-de-banho. Não sentimos. Podemos voar e teleportarmo-nos por todo o lado e controlar a posição do sol e as condições atmosféricas! E ao mesmo tempo, que visitamos n sítios diferentes, virtualmente bonitos e envolventes, usufruimos de algumas das inúmeras das vantagens da internet: comuncamos com n pessoas diferentes de todo o mundo, sem sair do sítio! Travam-se conhecimentos, discutem-se temas e descobrem-se pessoas que na RL não descobririamos. Aqui a questão já é outra: Afinal SL é uma segunda vida? Ou um complemento da primeira?

4 comentários:

Helena Borges disse...

O SL nunca será uma cópia da RL. Se assim fosse, qual seria o seu objectivo. Duas RL para quê?
Realmente o SL está inundado de espaços pco originais. Pcos são akeles que nos fazem sonhar que estamos realmente num espaço paralelo ao nosso.
Só nos resta esperar que o SL evolua num sentido um pouco oposto ao que agora acontece na minha opinião. E esperar tb que as pessoas que vão contruíndo os espaços sejam imaginativas ao ponto de nos surpreenderem. Vamos ter sempre referencias à RL nesses espaços, por mais criativos que sejamos. É impossivel criar algo completamente novo. Mas se houver espaços que tenham a capacidade de realmente nos transportar para uma dimensão diferente, então acho que o objectivo de ser criativo foi conseguido.

chiclete_ou_chicla disse...

Eu compreendo o teu ponto de vista, mas acredita q, na minha opinião, grande parte da surpresa, da vontade de experimentar este sistema é precisamente o facto de existirem réplicas de espaços, objectos reais.
Ainda me recordo de quando éramos "pequeninas" no SL e fomos em busca de Amsterdão com a ideia pré-concebida de que seria, naturalmente, a capital da liberalização das drogas. Qual não foi o nosso espanto (ou não...) quando constatamos que, de facto, aqui era tal e qual a "vida real"?
E essa era a nossa grande conquista; constatar que a cidade existia no virtual tal qual existe no real. Existe quase uma ilusão consciente de que não é possível ser-se totalmente criativo. Às vezes torna-se aborrecido ver réplicas, outras vezes é espantoso experimentar inserirno motor de busca "Search" uma qualquer palavra q nos venha à cabeça e reparar que existem inúmeras semelhanças com o que vemos na RL... Então, se não tivemos oportunidade de conhecer ao vivo e a cores o espaço "real", mais extraordinário se torna!
Podemos sempre afirmar "eu já lá estive", nem que tenha sido apenas no mundo virtual... :)

Rita disse...

Acho que há um pco de falta de originalidade nos espaços que tenho visto em SL... dp de algum tempo vemos mts locais parecidos... e a maioria deles remetem-nos para a RL. Sei que é mt difícil se não impossível abstrairmo-nos completamente do que se passa na RL e fazermos o SL um espaço inteiramente diferente, mas se se fizesse um esforço de imaginação e por exemplo se revertessem as regras básicas da físicas que dominam as construções na RL teríamos espaços completamente diferentes e isso por si só já seria um exercício criativo.

Paulo Frias disse...

Já me alonguei um pouco sobre o tema RPG vs SL (ver comentário no post da Tânia).
Daí não repetir aqui porque entendo que em SL não estamos perante um RPG.
A questão da Vânia sobre a mimetização da realidade em SL é muito interessante, embora nem sempre defendida da melhor forma:
- a questão da "espiritualidade" pode colocar-se, mas a afirmação de que não existe "espírito" é discutível. A meu ver o espírito existe, e é do criador do avatar.
- a não existência de uma "geo-referenciação" evidente (ou seja, voamos, teleportamo-nos, não nos preocupamos com coordenadas x,y,z, ou com Norte, Sul, Poente, Nascente) parece transportar-nos para um ambiente que põe em causa ou ignora as leis da Física, e, como tal, lança um desafio de experienciação e de imersão muito interessante
- SL como segunda vida ou como complemento da primeira? Uma vez mais recordo o trabalho de Sherry Turkle, trabalhando com utilizadores MUD's, capaze de "encarnarem" personagens diferentes AO MESMO TEMPO em janelas diferentes no monitor. Em algumas ocasiões, alguns dos utilizadores referiam mesmo a sensção e a convicção de que a RL era apenas mais uma dessas janelas! Essa constatação torna pertinente uma outra questão: esse movimento cíclico entre as nossas várias "vidas" (RL incluída) não terá como consequência um fenómeno de retro-alimentação entre elas? Ou seja, não estarão essas "vidas" a modificar-se umas às outras pela convivência entre elas?